14 de fevereiro de 2009

Rubrica: Escrutinando #1 - Nenucos de Carne e Osso

«Crianças "uniram" destinos no Dia de S. Valentim» é destaque de capa da edição de hoje do Diário "As Beiras". A notícia refere, em traços gerais, um programa organizado pela Casa da Criança Maria Granado, no qual, crianças de quatro anos celebram, com pompa e circunstância, o seu próprio casamento. Nada falta: vestidos brancos para as meninas, fatos para os meninos, fatiota de padre para o pobre garoto a quem não se conseguiu encontrar par e o cenário perfeito - a igreja do Portugal dos Pequenitos. As "caras-metade" são escolhidas pelos educadores de infância, sob o olhar aprovador dos encarregados de educação.

Não pude deixar passar algumas situações ridículas e incrivelmente preocupantes que se me afloraram à memória.

Em primeiro lugar, estas crianças começam desde cedo com a ideia de que o amor é lindo e é quando gostas muito de uma pessoa, blá blá blá.... Mas, ainda não chegaram à adolescência e já lhes andam a escolher "companheiros-de-vida". Não me admiraria se o próximo passo fosse trazer ao mundo, no próximo dia 1 de Junho, um bebé nenuco do qual os casaizinhos ontem formados tomariam conta. Sim, imagem hilariante, e mais do que gasta, de crianças de 4 anos a mudar fraldas e a dar de comer a gentinha de plástico pouco mais nova.

Foi esta visão que me fez lembrar uma outra notícia, publicada on-line pelo Expresso e da qual um colega me deu esta manhã o link. Consiste, basicamente, na história de duas crianças que acabaram de ter um filho. Um rapaz de 13 anos e uma rapariga de 15, lembraram-se de que talvez fosse uma grande e responsável ideia ter mais uma boca para os seus pais alimentarem. E assim nasceu a pobre criança, que ou muito me engano, ou não terá uma vida assim tão feliz. Ela e os seus pais. E não podemos culpar estas crianças, digamos. São, como acontece ainda com muitos adultos, bastante influenciáveis, e sem maturidade suficiente para pesar todos os prós e contras que a situação exige.

Pergunto-me se, daqui a 9/10 anos, estes pequenas crianças de Coimbra não estarão na mesma situação.

E não sei até que ponto esta organização de mini-casamentos não virá formar na cabeça destas crianças uma imagem padrão que as pode retrair no futuro, caso as suas orientações sexuais sejam diferentes, e de certa forma servir de provocação a José Sócrates e à sua aposta para ganhar as próximas eleições através da legalização dos casamentos entre homossexuais.


P.S. Para o João: Apesar de não utilizar uma visão muito sarcástica, decidi seguir a sugestão e comentar a actualidade. É sempre construtivo.

1 comentário:

antónio paiva disse...

...

oportuno, bem estruturado e fundamentado.

sarcástico qb.

beijinho para ti e um abraço para o meu estimado amigo António J. F. :)