6 de março de 2009

A Mulher à Beira do Salto

O tambor rufou. Foi o início da nova era. Enquanto o som se prolongou pelo vazio, as pessoas saíram das casas e reuniram-se na beira do precipício. Baixaram as cabeças e observaram o tudo e o nada da imensidão da queda. Temeram e questionaram. Como todo o humano faz. Multidão receosa. Foram convidados a dar mais um passo e a conhecer a queda. Instintos apurados, o passo foi para trás. Apenas uma se manteve. Impávida e serena. Esperando talvez uma confirmação de segurança. Pensado se valeria apenas. Se seria ou não corajosa o suficiente. Se confiar unicamente numa voz sem dono conhecido seria a melhor atitude. A multidão avançou. Ponderou as suas hipótese e moveu-se em conjunto. Incentivando-se mutuamente. Abeirou-se do desconhecido e saltou. Saltou para o nada e para o tudo. Apenas uma ficou para trás. A mesma que ficara antes. Sem conseguir decidir entre o saltar ou o ir embora. Ficou ali. Impávida e serena. E ainda hoje lá está. Onde o nada e o tudo, olham de baixo para os humanos e os chamam. Ainda lá está... A decidir entre o morrer e o viver suspensa.

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