12 de maio de 2009

Rubrica: Resumo Opinativo #1

Actual (Expresso #1906 9 Maio 2009)

"O Leitor" é a crónica de José Manuel dos Santos que inicia a viagem artística desta semana no suplemento do Expresso: Actual. Um texto que mostra que a vontade de se auto-instruir está em qualquer um, mesmo que por pura necessidade. José Manuel dos Santos conta-nos o que um vendedor de rua, saltimbanco vivido, lê na Fnac.
Página 16, Raul Vaz Bernardo, por ocasião dos 50 anos da "explosão de criatividade no Jazz", levanta um pouco o véu do mundo que marcou parte da luta contra a segregação racial. Com inúmeras referências a nomes altos do jazz e aos seus melhores álbuns, enquadrando-as histórica e politicamente. Nada dá mais vontade de pegar no bloco de notas para anotar todos os pormenores, e daqui a alguns dias ir ouvir atentamente as notas improvisadas do jazz modal ou do bop.
Sandro Aguilar e o seu mais recente filme "A Zona" aparecem na 22ª página. "Um filme de fantasmas que não escolhe o caminho mais fácil" é a história de um homem e uma mulher que se conhecem num hospital quando o pai dele está para morrer e o filho dela acaba de nascer. Juntando à crítica da pág.29, é um filme que poderá ser interessante.
De valor também registar, na página 24, o artigo sobre o programa radiofónico "Íntima Fracção" de Francisco Amaral que comemora agora 25 anos e já passou pela Antena1, TSF, Rádio Universidade de Coimbra e Rádio Clube Português, sendo agora unicamente transmitido em podcast através do site do Expresso.
Página 28 é Cinema. "As Operações de Saal", "Tyson" e "A Zona" de João Dias, James Toback e Sandro Aguilar, respectivamente, são as grandes apostas desta semana com 4 (de 5) estrelas cada um. Para trás ficou "Star Trek" de J.J. Abrams (2 estrelas) e a "Cidade dos Homens" de Paulo Morelli (1 estrela).
Curiosidade interessante, a exposição de Francisco Vidal que se encontra na Galeria 111 em Lisboa e que representa frames de clips retirados do Youtube com performances de grandes nomes da música, mas também de figuras políticas e até cenas de fenómenos sociais recorrentes (como a violência).
Quanto à música, grande destaque para o novo álbum de Bob Dylan "Together Through Life" que arrecada 4 estrelas, a meu ver mais por extras do que musicalmente. Falo sem ter ouvido o CD, apenas tendo em conta o que deu a entender João Lisboa. Dei especial atenção à edição do suplemento de "Tonight" dos Franz Ferdinand, "Blood", que me encontro agora a ouvir e que não me parece tão prometedor como o Tonight em si, que apresentava uma sonoridade nova e revigorante, apesar de soar à ressaca da melhor festa das nossas vidas.
"Music Matters" de Dzihan & Kamien e "Metamorphosen" de Branford Marsalls Quartet, dois álbuns que penso valer a pena ouvir.
Por fim, mas não menos importante, a sempre fascinante crónica de Luís Fernando Veríssimo que encerra a parte jornalística deste suplemento. Fica um excerto:


"Nada a ver - ou tudo a ver, sei lá - mas feliz era Adão, o primeiro homem. Não porque estava no jardim do Paraíso, com tudo em volta para saciar sua fome e sua sede, mas porque não sabia do tempo e da morte. Vivia num eterno presente, num eterno domingo. O que vinha depois da passagem da sombra da noite não era o dia seguinte, era o mesmo dia, ou até o dia anterior, quem se importava? Adão, sozinho no Paraíso, era um homem feliz, porque era um homem sem datas. Mas, quando Deus colocou Eva ao lado de Adão, a primeira coisa que ela perguntou, ainda húmida da criação, só para puxar assunto, foi: "Que dia é hoje?" E ele sentiu que sua paz terminara."

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